Vamos conhecer um grande artista artista brasileiro, de certa forma, pioneiro no geometrismo abstrato com forte influência na proposta do Color Field da década de 60.
O artista foi um grande divisor de águas, sendo um dos primeiros a adotar essas experimentações na arte brasileira.
O colorfield é um estilo de pintura iniciado por volta dos anos 40 em nova iorque, inspirado diretamente pelo modernismo europeu de forma disruptiva.
A idéia os trás da técnica é a realização de linhas grossas se intercalando com sua cor oposta. Em salvos casos as linhas resultantes da transição, que estão no meio podem ser esfumadas dando a sensação de transição dentre as linhas.
O crítico Clement Greenberg enquanto produzia seus ensaios sobre o Expressionismo Abstrato se refere ao estilo quando se trata de Mark Rothko.
Agora voltando ao Brasil, Arcangelo Ianelli nasceu em 1922, se tornou artista autodidata e em 1940 começa estudos sobre perspectiva na Associação Paulista de Belas Artes sob orientação da artista Colette Pujol.
Durante os anos 50 frequentou diversos ateliers agregando ainda mais sua personalidade artística e em seguida ingressou o Grupo Guanabara, inicialmente fundado por um coletivo de artistas Nipo-Brasileiros.
Por conta da influência proposta pelo Grupo, sua obra retratava o cotidiano com uma paleta de cores utilizando tonalidades abaixo da proposta acadêmica brasileira. Enquanto isso também realizava pequenos ensaios abstratos com a mesma maestria técnica.
Nos anos 60, se volta ao abstracionismo, trazendo informalidade em sua produção propondo densidade com tons mais escuros.
Já nos anos 70, seus experimentos da desconstrução o levam para produções geométricas abstratas.
Por conta do geometrismo abstrato sua obra retrata a forma mais básica proposta ao estilo: quadrados, retângulos e triângulos com camadas transparentes se sobrepondo.
Obras como: Igreja Santa Luzia produzida em 1958, mostram o uso da perspectiva com sua profundidade e as tonalidades cromáticas com uma tonalidade abaixo da proposta acadêmica brasileira.
Com um olhar mais meticuloso é possível analisar que suas pinceladas eram rápidas e ríspidas com uma forte sobreposição e mistura de cores diretamente em tela e um experimento que recria texturas através das cerdas do pincél.
Na obra Paisagem de 1970, explora o bem o uso da texturização com linhas grossas negras que se esfumaçam no plano perspectivo criando uma conexão direta entre todos os blocos e também a mesma proposta em sua paleta de cores.
Ainda nos anos 60, outra obra, Natureza Morta, retrata ainda mais a desconstrução com elementos que lembram pratos e garrafas. É possível sentir a sobreposição com camadas finas de branco que permitem vislumbrar o vidro transparente, imaginando o que há ao fundo.
Na obra Sem título, produzida em 1976 inteiramente geométrica abstrata. O ponto chave de atenção fica por conta da sobreposição dos retângulos, com altíssimo contraste do fundo.
E por fim a composição abstrata de 1982 buscando a monocromia, apenas em tons de azul cobalto, novamente com a proposta sugerida pela obra Sem título de 1976.
Além da pintura Ianelli também negava pela escultura, desenvolvendo obras em mármore transformando sua pintura em obras tridimensionais, deixando o espectador colorir com os olhos.
No campo da ilustração realizava estudos da desconstrução e alguns retratos.
Arcangelo Ianelli faleceu em 2009 e criou um legado que até hoje influencia gerações, sendo um dos pioneiros no geometrismo abstrato com projeção nacional e internacional.
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